Ele tem 73 anos, é industriário aposentado, é o cidadão que mais vezes foi escolhido para governar Vera Cruz, agora são quatro vezes. Último mandato já anunciado, aliás. Guido Hoff é aquele vera-cruzense que dispensa apresentações. Quem é nascido em Vera Cruz ou adotou a cidade como lar, o conhece. No mínimo, já ouviu falar. Nem que seja para imitar o jargão “maninho”, tão usado para cumprimentar os conhecidos. Mas quem acompanha a história política de Vera Cruz precisa ir além: em 57 anos de emancipação, este vera-cruzense nascido em fevereiro de 1943, na localidade de Linha Floresta, em Vera Cruz, completa 55 anos de vida pública com mais este feito conquistado nas urnas neste domingo. Agora poderá contabilizar dois mandatos de vereador e quatro de prefeito. Ou melhor, quatro e uma gestação de coelho, como ele mesmo brinca, pois assumiu em 1968 por 21 dias, a Prefeitura, num momento de transição de governo, quando era Presidente do Legislativo.
Caçula de uma família de três irmãos, Guido lembra de uma infância muito pobre, “mas nunca faltou comida na mesa”. A família, como a maioria das outras, cultivava tabaco. Na memória, as lições da primeira professora, Maria Olívia Kern. Com 12 anos foi para o seminário, em Taquari, e depois para o noviciado no convento em Daltro Filho. Esta trajetória anuncia outra característica forte: a espiritualidade do novo prefeito, que sempre se dedicou à igreja.
Aos amantes do futebol, saibam que Guido foi zagueiro do Esporte Clube Teresa e chegou ao vice-campeonato no estadual de Amadores. Também tem a faceta na educação: chegou a lecionar para 68 alunos na Escola Henrique Cândido Pritsch, em Linha Tapera. A vida trouxe mais tarde outra oportunidade profissional: a famosa Verafumos, onde atuou até se aposentar.
Na vida do prefeito eleito, a família ocupa papel fundamental. Guido foi casado com Elpídia por 41 anos e dessa união nasceram os filhos Guido Junior, Ângelo e Cássio. Depois do falecimento da esposa, carinhosamente chamada de Pidinha, quis o destino que uma nova parceira de vida se unisse ao vera-cruzense, Laci Severo. Hoje, junto dos filhos, das noras e dos netos, Guido se mostra fortalecido e grato pelo que a vida lhe proporcionou. E para quem pensa que ele já viu e viveu de tudo quando o assunto é eleição, ele confessa: o último comício desta campanha, realizado na Esquina Koelzer, na última quinta-feira, mexeu com seu coração. A família, considerada seu maior patrimônio, lhe fez uma homenagem pela trajetória de vida e pelo companheirismo e amor incondicionais.
POLÍTICA
Guido já começou sua trajetória política fazendo história. Aos 18 anos foi eleito o vereador mais jovem do país, com 127 votos, numa época em que não havia salário para este cargo. Depois foi reeleito para a Câmara, mas o posto mais alto do governo vera-cruzense foi conquistado, pela primeira vez, em 1973, tendo como vice Ivênio Mueller. Foi Prefeito novamente em 1983 e em 2005. Ao fazer um balanço de todas as suas gestões até aqui, ele não esconde a admiração por muitas obras que marcaram época. Asfaltos por toda parte, construção de prédios como Emater, Banrisul, Banco do Brasil, 28 escolas, a tão sonhada eletrificação rural (ele jamais vai esquecer a emoção das famílias quando a rede de luz foi ligada pela primeira vez), a chegada do telefone automático nos bairros e no interior, a conclusão do prédio da prefeitura, quatro postos de saúde no interior, entre tantas obras mais que ele fala com orgulho.
Obras. Esse talvez seja um dos mais importantes legados das gestões de Guido. O que reserva para os próximos quatro anos? Quais os sonhos que cultiva e que restam a este político realizar? Se sua trajetória política virasse livro, certamente ela se confundiria com a criação e o desenvolvimento de Vera Cruz. Que venham as próximas páginas, então, pois o prefeito é movido a desafios.